Olá pessoal, como vocês estão?
Como vocês sabem, nós da Comics and Signatures (CS) estamos sempre inovando e trazendo o que há de melhor na nossa comunidade para vocês. Hoje não é diferente, nessa entrevista vamos falar com o talentoso Zé Carlos que gentilmente topou trocar essa ideia com a CS e falar um pouco sobre sua carreira, trabalhos do presente e futuro.
Espero que vocês gostem da conversa tanto quanto nós.
Em uma breve introdução, Zé Carlos é brasileiro e quadrinista com grandes trabalhos internacionais em editoras como Marvel Comics, DC Comics, Dark Horse, Image Comics, e também para a produtora de jogos de video games BUNGIE, nos quadrinhos do jogo Destiny.
(CS) Olá, Zé, é uma honra receber você aqui na CS, muito obrigado por topar participar desse nosso bate papo. Sei que a gente tem muita coisa bacana pra falar, mas que tal começarmos do começo e falarmos um pouco do início da sua carreira, como foi o seu processo para começar a trabalhar com ilustração e quadrinhos, como esse mundo entrou na sua vida?
Eu já desenhava como toda criança, mas me lembro bem do dia em que encontrei uma revista do Homem Aranha anual nas bancas e me maravilhei pela capa onde tinha o Dr. Octopus e o Aranha se enfrentando. Comprei aquele formatinho e comecei a copiar os desenhos por cima da revista mesmo.
Depois disso conheci alguns amigos na Escola que também desenhavam e começamos a querer desenhar quadrinhos como aqueles que líamos. Me dediquei intensamente a desenhar o máximo de horas por dia que eu conseguia para um dia poder trabalhar oficialmente com Desenho.
(CS) Sabemos que não é fácil entrar no mercado de quadrinhos internacional assim logo de cara. É muito estudo e trabalho para alcançar esse objetivo, e isso demanda muito esforço. Como foi conseguir seus primeiros trabalhos internacionais, você teve ajuda para chegar até as editoras?
Um cartaz de divulgação do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de Minas Gerais dentro de um ônibus fez toda a diferença. Resolvi ir com meu amigo/irmão Bobby e foi mágico. Encontrar um local em que várias pessoas se reuniam para falar sobre Quadrinhos era um mundo novo pra mim. E assim, de um evento a outro pelos anos, fui conhecendo mais e mais pessoas e entendo o caminho que eu precisava seguir para entrar nesse mercado.
E não era nada fácil. Geralmente era apresentar seu portfólio para agentes nacionais e internacionais que estavam nesses eventos e todo ano levar um não. Até que um dia veio um sim e eu comecei a ser agenciado. O agente é super importante no processo de aprendizagem de como o mercado funciona e para qual caminho seguir até conseguir um trabalho.
(CS) Já lemos muitos de seus trabalhos na Marvel, e um deles que gostaríamos muito de falar sobre é seu Quarteto Fantástico com o Dan Slot, como foi trabalhar com o Dan nessa série, existiu alguma dificuldade no processo de criação, de encaixar o roteiro com a sua arte, ou você tinha a liberdade para desenvolver livremente?
Eu tenho um grande carinho pelas Edições que desenhei do Quarteto Fantástico com o Dan e toda a Equipe. Foi muito leve todo o processo e tive muita liberdade pra trabalhar os personagens da minha forma. A dificuldade maior pra mim sempre é o peso da responsabilidade em trabalhar com esses personagens.
Pensar o tempo inteiro em como passar aquele sentimento ao leitor, aquele olhar, aquela cena de ação. Saber que vai ter algum garoto em algum lugar do mundo, como eu no passado, que pode ver aquele quadrinho e isso marca-lo positivamente como me marcou.
(CS) Aqui na CS somos muito fãs do Homem-Aranha, e acompanhamos faz tempo seu trabalho nos títulos do cabeça de teia, recentemente você terminou seus trabalhos nesse título em Amazing Spider-man #74, como foi passar todo esse tempo desenhando o homem aranha, e como foi trabalhar com o escritor Nick Spencer?
Eu tinha um pacotinho de sonho desde o início. Entrar para o Marvel e desenhar um dia o Homem-Aranha. Talvez seja o subconsciente lembrando daquele primeiro formatinho da banca quando eu era criança. Então quando o meu agente e amigo Joe Prado me ligou falando que me queriam pra ajudar em algumas páginas do Spider-man: Miles Morales #11 foi uma das melhores sensações da minha vida.
Desde essa edição em 2019 até hoje eu tenho desenhado várias história e personagens do Universo do Teioso. Acho que eu só não desenhei até hoje em alguma página a Spider-Gwen.
(CS) O que tem sido mais desafiador em trabalhar desenhando quadrinhos até o momento para essas grandes empresas ao longo de todo esse tempo de carreira, encontrou algum tipo de desafio ilustrando alguns dos títulos a qual trabalhou, como Angel, Quarteto Fantástico, Homem Aranha entre outros?
Fora o peso da responsabilidade em desenhar esses personagens como disse anteriormente. Outra dificuldade é tentar sempre melhorar de uma edição para outra. Ter um olhar crítico com você mesmo é muito importante para não cair na rotina diária e se acomodar com o que está fazendo. Uma nova edição é sempre um grande desafio e uma grande oportunidade pra fazer algo novo.
(CS) Aqui na CS, sempre estamos de olhos nas solicitations que estão por vir, e os próximos lançamentos que estão para acontecer, e em Dezembro sabemos que você estará desenhando Hellions, um dos títulos dessa atual fase dos X-men, teria alguma informação em especifico que poderia nos contar sobre esse trabalho, como tem sido respirar os ares de Krakoa?
Hellions foi uma grata surpresa pra mim. O que eu posso dizer é que foi muito intenso desenhar por que essa última edição envolve muito sentimento e emoção. Os olhos marejaram lendo o roteiro e ainda mais desenvolvendo os desenhos dessa edição.
Também fiz ao mesmo tempo uma ponta nos X-men que foi bem legal. ;)
(CS) Com o trabalho incrível que tem feito, você tem colecionado títulos de grande renome no seu portfólio como quadrinista. Mas vamos fazer uma brincadeira aqui, suponhamos que você pudesse escolher o título que quisesse para trabalhar de qualquer editora, qual seria esse título e porque você o escolheria?
Que difícil escolha essa. Por já ter desenhado o Homem-Aranha que era o sonho de infância, hoje eu escolheria desenhar a Liga da Justiça. Seria uma guinada interessante.
(CS) Como todos aqui na CS somos grandes fãs de quadrinhos, sempre ficamos curiosos sobre futuros trabalhos que os artistas a qual admiramos estão envolvidos. Vamos falar um pouco sobre futuros projetos, você tem interesse em algum momento produzir um trabalho autoral, ou você já tem algum outro projeto independente em mente que poderia contar aqui para gente?
Tenho sim. Tem na gaveta pelo menos três projetos autorais com suas histórias base escritas. Alguns esboços e coisas do tipo. Essa vontade é bem grande em mim e vou fazer algo nessa linha para a próxima Comic Con Experience 2022, com certeza.
(CS) Pra gente, sem dúvidas, seu trabalho nos quadrinhos é memorável, e os títulos futuros a qual está trabalhando, já são um sucesso. E esperamos ver mais de sua arte em vários quadrinhos mundo a fora. Para finalizarmos Zé, você gostaria de deixar uma mensagem para os seus fãs aqui da CS, e para aqueles que estão começando agora no mundo dos quadrinhos ou pensam em um dia começar?
Muito obrigado mesmo. Esse carinho que vocês têm pelos Quadrinhos impulsiona diariamente o meu trabalho e ver ele nas bancas ou sendo folheado na mão de alguém me traz de volta aquele sentimento bom que eu carrego desde a infância. Grande parte da minha educação e personalidade veio das referências dos Super-Heróis e me orgulho muito em poder dividir com vocês essa paixão. E pra quem está começando ou quer entrar nesse meio se dediquem aos estudos com toda sua força e determinação e se divirtam no processo. Isso faz TODA a diferença.
1 comentário
Thiago
Bela entrevista, Zé é muito talentoso!!