Com tema sobre geopolítica e problemas familiares, Jupiter’s Legacy é o recorte da vida de super-heróis da maneira mais criativa possível, adaptando a dinâmica de super-heróis da era de ouro para os tempos modernos, e mostrando como isso já não se adequa mais no mundo atual.
Mundo esse, onde a moral do que é ser um super-herói é julgada a todo momento, não apenas por eles mesmos, fazendo suas auto-reflexições, mas também de como os heróis afetam a sociedade e como a sociedade lida com eles. E melhor de tudo! Agora você pode abraçar toda essa ideia nas telas de TV na Netflix! Além das páginas dos quadrinhos!
“Heróis deviriam ser apenas um exemplo de moral? ou eles deveriam liderar o mundo para uma Utopia?”
A criação e sua crítica: Quando heróis se tornam mais que símbolos.
Jupiter’s Legacy escrito por Mark Miller e desenhado por Frank Quitely, é um retrato de uma família de super-heróis, que lidam com um dilema, um código de conduta muito duro, em um momento não muito oportuno para a economia e política americana.
A trama conta história da família Sampson, uma família de super-poderosos que seguem um código moral bem rígido – Nunca se envolver em assuntos governamentais, políticos, nunca matar e serem sempre um modelo, um exemplo a ser seguido pela sociedade – Essa conduta, acaba levando a família a enfrentar vários conflitos em especial do pai, que tem que lidar com suas expectativas para com seus filhos, Chloe e Brandon, sobre como eles devem se comportar como super-heróis.
“Com grandes poderes, vem grandes dilemas”
Dentro do Universo de Jupiter’s Legacy, muitos debates são levantados, como a guerra do Vietnam, conflitos com movimentos políticos, a evolução da américa como sociedade e a grande desigualdade financeira que existe nos EUA. Nesses cenários, super-heróis são apenas meros modelos para sociedade, onde lutam contra ameaças intergalácticas e super-vilões, mas e quando a pressão pela mudança chega? Quando se deve tomar a ação de largar os velhos hábitos e pensar que, como super-heróis, é necessário fazer mais?
Utilizando esses fatos históricos como enredo, inserindo críticas à geopolítica e questões familiares atuais Jupiter’s Legacy, mesmo sendo um quadrinho de 2015, cai como uma luva no contexto social atual.
“Quando nossa moral falha, o que nos resta? Pois somos meros humanos, e não deuses.”
Das paginas dos quadrinhos para as telas
A adaptação da Netflix não deixa muito a desejar da essência do que o quadrinho é, mas trás algumas mudanças que de certa forma são interessantes para introduzir o público a esse universo. Algo um pouco diferente das series de super-heróis que vemos por ai.
Na versão das telonas, Jupiter’s Legacy não foi criado apenas para te apresentar uma história violenta com super-herois – Embora, quando necessário a série utilizar muito bem a violência e mostra de forma bem explicita como super poderes podem ser aplicados – Mas sim, um passeio pela história do mundo moderno e como super heróis poderiam afetar a dinâmica de nossas vidas.
Como dissemos, a adaptação vem com algumas mudanças, uma que mais me chamou atenção foi a do filho do Utopiano, Brandon, onde no quadrinho ele já é apresentado desistindo de ser um herói, porém na série ainda vemos ele caminhando para esse rumo, o que trás um entendimento melhor para a trama sobre a dúvida em relação ao código de conduta que seu pai segue, resultando, inevitavelmente, no embate entre essas duas gerações.
“The kids aren't alright.”
Infelizmente, a série da Netflix não cobre todo o primeiro encadernado da série, mas apresenta um de seus principais vilões, Walter Sampson, mais conhecido como Brainwave, ele sempre foi a mente discordante do grupo, que se dizia ver além, porém sempre foi diminuído e deixado de lado, acabando por viver a sombra de seu irmão Sheldon Sampson, o Utopiano.
Outros títulos da série
Com um universo muito rico, Mark Millar conta mais histórias de seus personagens em Jupiter’s Circle, que é um prequel introduzindo personagens da Union of Justice, como Flare e Blue-bolt, assim como apresenta o conflito entre Skyfox e Brainwave que é mencionado a todo momento, tanto nos quadrinhos quanto na serie da Netflix.
Jupiter’s Legacy possui ainda uma continuação, um segundo encadernado, que conta o que aconteceu após os desfechos do primeiro volume, com Chloe e Hutch criando seu filho, que sonha em seguir os passos de seu avô Utopiano.
Mas se você acha que acaba ai? Você está enganado!
Jupiter’s Legacy terá mais uma continuação, Jupiter’s Requiem, que pasmem, mas no dia da publicação desse artigo está a venda na Comics and Signatures. Onde Millar promete contar as histórias dos outros filhos de Chloe e Hutch. Porém, já sabemos né? Nem tudo são flores para esses heróis, novos mistérios surgem quando os segredos sobre a ilha misteriosa, que deu o poder aos primeiros heróis é revelado.
“Times have changed and heroes should too.”
Considerações Finais
De um ponto de vista pessoal, Jupiter’s Legacy me cativou de verdade, tanto com a série quanto com o quadrinho que li recentemente, um ponto diferente a se ver do mundo dos super heróis, algo que realmente me chamou a atenção e que era necessário para o momento, em relação as críticas que a série faz.
Mesmo as pessoas não estando acostumadas a verem na TV, uma série de super heróis sem uma violência absurda, a serie entrega muito a essência do quadrinho.
Para aqueles que leram até aqui só tenho a agradecer, fiz esse texto através de pesquisas em sites, blogs, assistindo a série e principalmente lendo o quadrinho incrível que é Jupiter’s Legacy, espero que tenham gostado pois tentei extrair um lado um pouco mais critico do quadrinho para a série nesse texto.
“Skyfox live!”