As entrevistas da Comics and Signatures estão de volta, e dessa vez temos a honra de apresentar, o grande quadrinista, Abel.
Natural de São Mateus, Espírito Santo, Abel possuí diversos trabalhos no mercado brasileiro, como: Ditadura no Ar, Despacho (Editora Draco), Savants of Sounds e Necromorfus… com o último sendo o trabalho independente que recentemente foi publicado pela editora Behemoth, além desses títulos Abel também possui trabalhos na DC Comics (Harley Quinn) e na Dark Horse (Stranger Things).
Porém o seu trabalho mais recente é na Image Comics com o escritor Ryan Parrott, onde Abel da vida a Rogue Sun, um dos títulos do novo universo de heróis da Image, o Massive-verse. Então vamos conversar um pouco sobre seus trabalhos atuais, carreira e obviamente o seu futuro como artista.
(CS) Abel, gostaríamos de agradecer ter aceito o convite para entrevista, somos muito fãs do seu trabalho como um todo. Gostaríamos de começar a conversa no começo de tudo. Como você entrou no meio dos quadrinhos e o que te levou a querer produzir quadrinhos, o dom para arte vem desde pequeno?
(A) Obrigado pela oportunidade! E é sempre bom saber que as pessoas estão curtindo nosso trabalho! E é o que dizem: toda criança desenha. Algumas param, outras não, e eu fiquei no segundo caso. Sempre desenhei por diversão e nunca pensei em seguir carreira artística. E quadrinhos também nunca fizeram muito parte da minha infância e adolescência. Por um tempo tentei seguir carreira acadêmica, mas meu interesse por contar histórias e continuar desenhando acabou por se impor, e em 2009 comecei a fazer quadrinhos independentes, mas sem muita perspectiva ainda.
(CS) Para começarmos, gostaríamos de falando um pouco sobre seu trabalho na DC Comics com o título da Harley Quinn, a edição contou com a engraçada participação do Booster Gold esse foi a sua primeira revista para a editora. Poderia nos contar alguma curiosidade ou etapa de criação de página que você tenha gostado de fazer?
(A) Trabalhar com a Arlequina foi muito divertido. Antes eu tinha participado de uma antologia com uma história curta da Mulher Gato, e acredito que tenha sido por isso que me chamaram pra uma edição inteira da Arlequina. Fiquei muito feliz pois não esperava uma edição inteira tão cedo, e de uma personagem dessa importância. Foi um processo tranquilo no começo, mas o peso de estar trabalhando para a DC acabou chegando, e no final eu comecei a pensar que um dia iriam descobrir a farsa que sou (risos).
(CS) Sabemos que a música é uma de suas maiores referencias, e que ela está bem presente em Necromorfus e Savants of Sounds, e que ela é um elemento importante de imersão desses quadrinhos, você tem uma relação muito especial com ela. como isso influencia no seu estilo artístico, e como é expressar a música através das páginas de seus quadrinhos?
(A) Eu gosto de fazer quadrinhos usando referências de fora dos quadrinhos, pra não ficar uma coisa tão redundante. Então cinema, literatura e música são grandes suportes onde me coloco pra desenvolver meu estilo de desenho e de narrativa. No caso da música, escutar alguma coisa que tenha a ver com o projeto me ajuda muito a dar mais fluidez, como se um filme rodasse em segundo plano na minha cabeça. Não sei se isso transparece pra quem lê, mas quando vejo minhas páginas prontas eu também estou ouvindo música o tempo todo.
(CS) Ainda sobre seus trabalhos independentes, no final de 2020 foi publicado Necromorfus pela Behemoth, um marco incrível para sua carreira como artista. Sabemos que você almejava entrar no mercado norte americano, como foi dar esse primeiro passo no mercado internacional?
(A) O Gabriel é o grande responsável por esse marco e é sempre bom trabalhar com alguém que acredita em seu próprio trabalho. Ter esse reconhecimento dentro de um mercado tão estabelecido certamente foi uma coisa que deixou a gente bastante feliz. E Necromorfus é uma história incrível, cheia de potencial e é muito bom ver que está começando a usar o passaporte!
(CS) Agora, vamos falar um pouco sobre seus trabalhos mais recentes. A Image Comics desde sua fundação tem títulos de super heróis... além dos primeiros títulos da editora ela conta com títulos como Invincible, que é considerado por muitos um marco para os quadrinhos autorais com esse tema. Agora com o Massive-verse você acredita que a expansão do universo de Radiant Black, com Rogue Sun e Inferno Girl Red, podemos estar presenciando um novo marco para editora, a qual agora você é uma das peças chaves dentro do Universo já que seus desenhos estão em Rogue Sun? Como você se sente envolvido nesse projeto?
(A) Eu me sinto muito pequeno dentro disso tudo. Ryan Parrot e Kyle Higgins são gigantes, na escrita e na ousadia editorial. Radiant Black foi e está sendo um sucesso e juntou artistas incríveis, e espero que Rogue Sun siga o mesmo caminho. Toda equipe do Massive-verse é feita de gente muito boa, as histórias são instigantes e o projeto editorial é muito cheio de energia. Junto com os 30 anos da Image, acho que tudo está numa sincronia ótima pra que esse universo continue divertindo a gente por um bom tempo ainda!
(CS) Bom, quando publicarmos essa entrevista, Rogue Sun já terão chegado as Comic Shops, mas existe uma curiosidade que sempre aparece quando nos deparamos com brasileiros produzindo para editoras norte americanas: Como surgiu o convite para participar desse grande projeto que é Rogue Sun, você já tinha o contato com o Ryan Parrott?
(A) Acho que isso entra na conta do Kyle! Ryan estava a procura de um desenhista para Rogue Sun e Kyle já conhecia alguns brasileiros, como o Marcel Costa. Na época eu não tinha completado nem um ano de agenciamento com o saudoso Klebs Junior, que já conhecia o Kyle. Acredito que essa ponte foi o que tornou possível essa parceria, que já começou bem fluida. Kyle apresentou meu portfólio ao Ryan e ele curtiu bastante desde o começo, já que eu já tinha trabalhado bastante com temas mais urbanos.
(CS) Aqui na CS, nós somos muito fãs de Character Design, quando Rogue Sun foi apresentado a você, você teve uma liberdade para definir certas características visuais da personagem, ou já foi dado a você todo o mapa de como ele deveria ser em sua versão final? Como foi todo o processo de criação de Rogue Sun com o Ryan, você também definiu o design dos outros personagens como os vilões da série?
(A) Acho que nem tenho muito o que dizer sobre o conceito do personagem, porque foi um processo muito rápido. Ryan foi bem claro: um cavaleiro medieval, uma pegada gótica, e MUITO fogo. Eu sempre gostei de temas medievais e dark fantasy, então tudo o que fiz foi juntar minhas referências e mandar um esboço colorido pro Ryan. Ele pediu ainda mais fogo (risos) e então estava pronto. Eu costumo dizer que Rogue Sun já estava lá o tempo todo, só precisava desenhar.
(CS) O papo foi muito bom, todos nós da CS estamos empolgados com o lançamento de Rogue Sun. E esperamos ver cada vez mais páginas e capas suas pipocando por aí. Para concluirmos, o que você gostaria de deixar de mensagem para aquele leitor que viu Rogue Sun, ficou interessado, mas ainda está na dúvida, o que ele pode esperar?
(A) Rogue Sun talvez seja o tipo de quadrinho de super-herói que eu gostaria de ter lido mais cedo. Tem ação, tem dinamismo, os poderes que a gente gosta de ver. Mas também tem muito mistério, drama, conflitos familiares e as coisas não são muito como a gente espera que sejam. E ainda é divertido, porque a técnica do Ryan é a de quem já tá muito à vontade contando histórias.
Ótimo papo! Obrigado de novo pelo espaço e espero que a gente continue por aí porque acho que vai ter coisa legal pra falar por muito tempo ainda. Abraços!
2 comments
Monique
Muito bacana a entrevista, gostei muito de ver um pouco sobre o trabalho do Abel nessa entrevista, as perguntas foram ótimas. Parabéns pelo trabalho!
Carlos Mello
Excelente entrevista, Matheus! E a Image continua conseguindo inovar e diversificar seus estilos de histórias. Bom ver mais brasileiros nela.